22.11.08

O futuro não será só analógico...

Lugar às estatísticas:

Em França vender-se-ão este ano 5 milhões de câmaras fotográficas digitais, sendo que 90% são câmaras compactas e "bridges".
As vendas de impressoras baixaram 18% e dão lugar às molduras digitais cuja procura subiu 70% (trata-se de um mercado novo, com cerca de dois anos de consistência). Em contra-partida, os franceses continuam a imprimir fotografias nas lojas, através de unidades automáticas de impressão, ou através da internet: cerca de 2,7 biliões de tiragens 10x15...!
As vendas de reflex digitais subiram 18%, sendo que 80% destas são de entrada de gama - abaixo dos mil Euros. Ao todo vender-se-ão cerca de 260 mil câmaras reflex digitais em 2008. A crise económica não atingiu a Fotografia.

Não se podem estabelecer comparações directas de país para país, e por isso estas estatísticas francesas não nos ajudarão a prever com segurança o que se passará em Portugal - mas constituem, ainda assim, indicadores de tendências. A estes dados é necessário justapor a tendência (precisamente) para o regresso à utilização de câmaras analógicas, associado à digitalização de alta qualidade de películas para suporte digital, que surgiu comercialmente nos Estados Unidos da América.
Em Portugal a tendência, até agora, é inversa às anteriormente explicitadas, e vai no sentido da absoluta irradicação da fotografia analógica do mercado e do fim das tiragens em papel. Ainda assim, surgiram no mercado algumas lojas a prestar o serviço de digitalização de negativos ou slides para CD, na tentativa de reanimar a utilização das câmaras analógicas que as pessoas ainda têm em casa, e a recuperação de películas antigas. Contudo, na generalidade dos casos, estes serviços estão sujeitos a uma enorme especulação de preços e a uma péssima qualidade técnica do serviço, que acabarão por ter o efeito absolutamente contrário ao esperado.



Em todo o caso, nunca, desde há 169 anos, a fotografia esteve tão democratizada e implementada nos hábito sociais: se considerarmos nesta perspectiva os telemóveis com câmaras fotográficas, podemos certamente determinar que, pelo menos nas grandes cidades e zonas urbanas, cada família terá uma câmara fotográfica em casa.
Imagine-se agora como seria o mundo, se cada utilizador de uma destas câmaras fotográficas soubesse servir-se dela de forma consistente - técnica, formal e esteticamente...!?
Nesse sentido, há tanto por fazer que o investimento formativo na área da fotografia se afigura um mercado florescente e revestido de sentido... mas será mesmo!?

Fonte: Chasseur d'Image, #309 - Décembre 2008

imagem: Rui Cambraia
(Nikon F, Nikon D40, Fuji Instax 200, Zero Image 2000)