A latitude de exposição, ou amplitude tonal, pode ser entendida como a capacidade de um suporte fotossensível registar uma determinada gama de tons lumínicos, entre altas luzes e baixas luzes.
O olho humano consegue registar uma vasta amplitude tonal, pelo que a nossa visão, em condições normais de luminosidade, nunca é muito contrastada: podemos percepcionar altas luzes (zonas muito iluminadas) sem perdermos os detalhes das baixas luzes (ou sombras).
Os suportes fotográficos variam muito na sua latitude de exposição: o filme negativo a preto e branco normal (pancromático) e o filme negativo a cores, de média sensibilidade (100 asa), têm uma amplitude tonal muito grande (ainda que inferior ao olho humano); o filme diapositivo para slides tem uma gama tonal mais curta, pelo que, tradicionalmente, é necessário sub-expor um pouco a exposição, para evitar queimar as altas luzes; o mesmo acontece com os sensores (CCD ou CMOS) das câmaras fotográficas digitais, embora os aparelhos mais recentes possuam uma amplitude tonal "activa" ou "adaptável" em tempo real (active D-lighting ou adaptative dynamic range). Em todo o caso, utilizando uma câmara fotográfica tradicional, o fotógrafo sempre conseguiu colocar a amplitude tonal do assunto a fotografar dentro da gama permitida pelo suporte utilizado, através do controle fotométrico de exposição que estas câmaras proporcionam.
S/ título, câmara pinhole artesanal, dia muito nublado,
30 segundos de exposição.
Exposição "correcta" para o céu nublado. Em contrapartida,
toda a zona inferior da imagem, em sombra, ficou negra,
ou seja, fora do limite inferior da amplitude tonal do papel.
A mesma imagem anterior, realizada com a mesma
câmara e nas mesmas condições, com 180 segundos
(3 minutos) de exposição.
Exposição "correcta" para os tons médios, onde as
altas luzes (céu) e as baixas luzes (sombras mais densas)
ficaram, respectivamente, brancas e negras, quer dizer,
acima e abaixo dos limites superiores e inferiores da
amplitude tonal do papel.
Em fotografia pinhole utiliza-se frequentemente papel fotográfico RC como suporte fotossensível. Este tipo de papel tem uma amplitude tonal muito pequena. Essa é a razão pela qual, tradicionalmente, é necessário um árduo trabalho de "máscaras" para imprimir um negativo em papel, ou seja, realizar uma impressão com diferentes tempos de exposição sobre diferentes zonas da imagem, de modo a tirar partido de todos os pormenores registados no negativo.
É por essa razão que as fotografias pinhole são geralmente muito contrastadas. Na verdade, se o assunto a fotografar tiver uma amplitude tonal muito alargada é impossível conseguir uma exposição que registe simultaneamente as altas e as baixas luzes. Normalmente é necessário optar pelo registo de uma ou outra faixa da amplitude tonal (ou o registo das zonas mais iluminadas ou das zonas menos iluminadas).
O acerto da exposição mais próxima da desejada é conseguido por tentativa e erro. No entanto, é forçoso salientar que, em fotografia pinhole, aquilo que determina a exposição "correcta" de uma imagem funda-se mais numa vertente estética do que numa vertente técnica, onde, frequentemente, as imagens mais bonitas e interessantes, são aquelas tecnicamente mais incorrectas...!
imagens: Rui Cambraia